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terça-feira, 4 de maio de 2010

Capítulo 18 - Dias de fúria

Se o U2 promovia um dos melhores shows do planeta e a amizade entre os membros era sólida, alguns deslizes aconteciam. E o maior deles foi em New Haven. Apesar dos inúmeros shows e casa esgotada, não havia ainda um dinheiro consistente para os membros. Isso causou uma grande tensão entre todos, porque o medo era não ter outra chance de conseguir o sucesso. E, de todos, o que mais expunha sua frustração era Bono, dia após dia. Foi dessa maneira que entraram no palco e começaram a tocar. Quase no final da apresentação, Larry fez uma pausa em uma canção. E Bono percebeu. E ficou furioso. O cantor, esquecendo que estava em uma apresentação, encarou Larry com ódio. Larry, rangeu os dentes, calmamente desviou o olhar do cantor e saiu correndo do palco. Bono começou então a chutar o kit de bateria. Enquanto todo o público achava que a cena fazia parte do espetáculo, Bono partiu para cima do baterista, mas foi contido por um The Edge irritado com o espetáculo bisonho promovido. The Edge agarrou o vocalista pelos cabelos e o conduziu para fora do palco. Como punição, o grupo e Dennis resolveram que seria um bom castigo para Bono passar a noite na rua, fora do hotel em que estavam hospedados até que se acalmasse. No dia seguinte, ele voltou na hora do café e pediu desculpas. Todos riram e a paz voltou ao grupo.
“Bono sempre odiou essa coisa de ouvir o U2 ser chamado de ‘a banda de Bono’. Ele nunca aceitou esse rótulo. Ele sempre fala que a banda é formada por quatro pessoas. Mas ninguém se importou com essa definição porque sabemos que dizem isso pela forma apaixonada com que ele se doa nos shows. Nós fazemos nossa parte, mas é ele o coração que fica exposto, que encara o público, que conversa, que canta e que fala. No final, acho que quem se incomoda com o rótulo é ele mesmo. Por isso, alguns momentos de fúria são compreensíveis, o que não significa que não devam ser criticados quando ele exagerar.” A definição de Adam Clayton sobre a pressão que cai nos ombros do vocalista até hoje é perfeita.
Adam nunca se preocupou em ser a estrela do grupo, até preferia poder desfrutar de uma liberdade que Bono e The Edge não tinham. Mas ele sempre foi uma pessoa ponderada e, embora, não concordasse com muitas coisas, entendia as razões. Por esse motivo, era sempre o escolhido para conversar com a parte técnica após as apresentações, quando analisavam os acertos e o que precisava ser melhorado. Essa conversa, originalmente, ficava sempre a cargo do vocalista, mas pelo seu jeito duro de falar e pela forma veemente como criticava, acabou causando várias rusgas. Adam era igualmente perfeccionista, mas muito mais calmo e um ouvinte mais atento. No final, o arranjo se mostrou ótimo para Bono, com uma função a menos e um verdadeiro alívio para Joe e Steve Iredale.
A rotina de shows era bastante pesada. Logo após o almoço, o grupo checava o som antes das apresentações. Joe começava então a arrumar os equipamentos, e testar a acústica de cada teatro. Bono subia ao palco e ficava “medindo” o local, olhando para todos os locais. Sua preocupação era saber se todos poderiam vê-lo e como chegar aos pontos mais remotos para dar um pouco de atenção aos espectadores menos privilegiados. Ele então pedia para que mudassem um monitor ou um amplificador de lugar, para que todos pudessem ouvir melhor. Nessa tarefa, tinha a companhia de Larry. Enquanto isso Edge e Adam ficavam afinando seus instrumentos.
Mas não era só. Bono havia pensado em usar uma bandeira branca durante “Sunday Bloody Sunday”. A bandeira era pesada e necessitava de um suporte no meio do palco. Durante “The Electric Co.”, tinha a mania de “passear” por todos os cantos e cantando ao mesmo tempo, o que obrigava a ter um microfone com um fio longo e sempre alguém tentando acompanhá-lo. E o pior é que ninguém sabia o que Bono faria, porque, nem o cantor sabia. Essa expectativa causava um estresse em todos. E discutir isso com o cantor era algo que deveria se evitar, por causa de seu gênio.
O que mais causava medo era a histeria que o grupo causava entre os fãs. E um show causa arrepios até hoje quando é citado para Dennis Sheehan: a segunda noite do festival de San Bernadino. Em um festival que durou três noites, o grupo ficou responsável por encerrar o segundo dia. A primeira noite teria como atração final o Clash e a última, David Bowie. Um total de 250 mil pessoas era esperado para as três noites e Dennis tremia de medo só em pensar na confusão que Bono poderia causar com sua mania de agarrar pessoas da platéia, cantar junto e sair correndo. Ao verificar as condições, tremeu. Havia vários locais em que o vocalista poderia exercer seu “esporte” favorito, que era subir e escalar qualquer espaço possível do palco no meio do show. A organização havia deixado bem claro que esse procedimento estava proibido e que se alguém o fizesse e se ferisse, não seriam responsáveis. Dennis concordou e avisou Bono, que também concordou. Mas...
Bono não deu bola e começou a subir e subir. No final, resolveu descer por uma lona branca na tentativa de cruzar uma ponta do palco até a outra. Só que lona começou a rasgar com o peso do cantor, que caiu no meio do palco. Dennis tremeu quando não viu o cantor, e tremia só na possibilidade de um ferimento grave ou que pudesse ter ferido algum espectador. Felizmente, Bono foi conduzido até o palco. Mas quando o show acabou, um Dennis irado o abordou nos camarins e deu um ultimato. Ou ele começava a respeitar as diretrizes que ele, Dennis, havia estabelecido para o grupo ou falaria com Paul e pediria demissão. Já era muito trabalho coordenar uma apresentação e novos riscos eram desnecessários. Bono calou-se e obedeceu.
agradecimento: www.beatrix.pro.br/mofo
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