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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Capítulo 31 - "Nós crescemos e esperamos que nossos fãs tenham crescido também"

Dois acontecimentos chacoalharam ainda mais o grupo: a compra da Island pela Polygram por US$ 300 milhões e o vazamento de algumas músicas que resultou num disco pirata.
Quando a Polygram comprou todo o catálogo da Island, a gravadora só tinha um grande nome vivo, o U2. Por isso, significava que o U2 estava ainda mais rico. Na verdade, o U2 teve uma grande sorte em tudo isso.
Em 1986, durante as gravações de The Joshua Tree, Paul McGuinness recebeu um telefonema que o gelou até a alma: a Island estava falida e não tinha como saldar a dívida de US$ 5 milhões com o grupo. Pior: havia grande chance de ser vendida e por tabela, o contrato do U2 entraria nessa.
A Island havia sido uma grande parceira da banda desde o início, dando total autonomia ao grupo. McGuinness não tinha coragem de dizer isso aos seus rapazes. Por isso, sugeriu um acordo à Island: eles não precisavam saldar agora a dívida e o U2 ainda emprestaria algum dinheiro para se reerguerem. Em troca, eles teriam posse das fitas masters e uma parte da empresa.
Ter as fitas masters significa total liberdade e grana, pois se a banda fosse para uma outra gravadora, levaria tudo que já haviam feito pela Island, consigo. Em outras palavras; eles eram donos de si, um feito raríssimo no meio musical. E também receberam de 10 a 15% dos direitos da gravadora. Isso quer dizer que dos US$ 300 milhões recebidos da Polygram, o grupo abocanhou algo entre US$30 e 45 milhões. Um baita negócio.
E como a Polygram era pertencente à Phillips, líder no mercado de televisores, todos acharam que seria mais fácil conseguir tecnologia para o que queriam em cima de um palco.
Paul McGuinness ficou desesperado quando soube que havia um disco-duplo chamado 'The New U2: Rehearsals and Full Versions' circulando livremente, com canções chamadas "Sugar Cane". Apesar da ameaça de processo, o disco continuou circulando pelo mundo e novembro de 1991, era uma caixa de 5 cds. Em 1992, virou um CD triplo intitulado Salome: The [Axtung Beibi] Outtakes.
Bono se mostrou chateado como o ocorrido e deu sua visão: "o que me irrita é que cobram um monte de grana por algo ruim. Esse disco foi pirateado em Berlim e me senti invadido, como se estivessem lendo meu caderno de notas. Não há nada desse papo de descobrir o trabalho de um 'gênio'. É apenas uma invasão horrível." No dia 7 de julho, Bono foi pai pela segunda vez, ao nascer Memphis Eve. Em novembro, a banda deu um outro presente ao mundo: Achtung Baby.
O disco foi um avassalador sucesso, indo diretamente ao topo da parada na América e na Europa. Críticos elogiavam a coragem da banda em resgatar suas raízes européias e na proposta de se reinventarem.
"Adam tem o menor pênis da banda", brincava Bono nas coletivas, mostrando uma faceta totalmente irônica para a mídia. O disco foi precedido de um single estonteante e supreendente: The Fly.
O U2 estava vivo e entrava 1992 com tudo, começando uma gigantesca turnê, que revolucionaria o mundo dos espetáculos e cravando vários sucessos na parada. A maior banda dos anos 80 mostrava que ainda dava as cartas no início dos anos 90. Já imaginou Bono, com aquela imagem séria, compenetrada, vestindo todo de preto, óculos escuros, beijando a câmera em cima do palco e berrando "eu sou maravilhoso, mulheres me amem!"? Não? Pois muitos fãs também não acreditavam no que viam.
Bono, aliás, queria mudar desesperadamente a imagem do U2 e sapecou um ácido comentário, em uma entrevista para a MTV, durante o ano de 1992: "nós crescemos e esperamos que nossos fãs tenham crescido também. Se ficaram nos anos 80, podem ficar por lá, pois não nos interessam mais." Que pretensão, não?
Mais do que ninguém, Bono queria enterrar a imagem sufocante de sérios que tinham angariado com The Joshua Tree.
O U2 precisava revolucionar-se internamente. Para isso, ele teve a idéia de conciliar imagem, sons e tecnologia na nova turnê.
A idéia era complicada, excêntrica e cara. Bono queria poder ter gigantescas telas no palco e interagir com o público e também usar um controle remoto para a exibição de várias imagens ao mesmo tempo, como mostrar a Guerra do Iraque ao vivo e uma novela mexicana qualquer, por exemplo.
Havia ainda o problema dos telões. Eles custavam verdadeiras fortunas, quase US$ 5 milhões cada um e o U2 precisaria de quatro. Uma esperança se acendeu quando o grupo lembrou que a dona da Polygram era a Philips, pioneira nesse setor.
Bono propôs a Paul que convidasse o presidente da Polygram, Alain Levy, para um jantar. Levy sabia o que iriam pedir mas ficou genuinamente irritado quando Bono tocou no assunto de cara. De cara amarrada, disse que ia tentar. Não conseguiu, no entanto, e o U2 desembolsou quase US$20 milhões. O grupo suava de puro medo.
Enquanto isso, o grupo ensaiava em Dublin as músicas. O grupo sentiu que teria problemas imensos em passar as novas músicas para o palco, especialmente "The Fly".
Foram semanas e mais semanas tentando achar o ponto certo e com Bono ensaiando discursos.
O show ia tomando forma, especialmente depois que o vários Trabants, os carros fabricados no Leste Europeu, ultrapassados, velhos, mas pelos os quais o U2 caiu de amores quando visitou Berlim Oriental. Eles seriam pendurados no palco com guindastes e pintados por Catherine Owens, antiga amiga dos rapazes.

agradecimento: www.beatrix.pro.br/mofo
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