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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Capítulo 33 - O EP que virou álbum, um novo personagem, velhos hábitos

O U2 voltou ao estúdio no início de 1993 para gravar um novo EP, e assim começaram a trabalhar no Factory Studio em Dublin.
Mas Bono achou um desperdício gastar tanta energia com um EP e sugeriu um novo disco, o que causou um certo arrepio em todos: será que o U2 ainda sabia gravar um disco em um curto espaço de tempo ou teriam se tornado escravos dos grande orçamentos e anos de produção? O espaço seria apenas de três meses.
O conceito estava todo na cabeça do grupo e mais uma vez convidaram Brian Eno para a produção, ao lado do engenheiro Flood.
Brian Eno logo teve que deixar a produção, pois já havia se comprometido com outro projeto. Mas Eno voltou para o final da produção e ficou espantado com a evolução das canções. Eno disse, à época, que Bono é uma espécie de "Maria Teresa das canções abandonadas": "é impressionante como ele aproveita coisas que escreveu anos atrás. Parece que ele nunca joga nada fora. Tudo que ele produz ao longo dos anos fica em sua cabeça e de repente, ele conecta algo e escreve em minutos o estava congelado há anos."
Quem dá mais algumas dicas sobre como a banda trabalha é o técnico de guitarra de Edge, Dallas: "Edge parece que nunca vai embora nesses dias. Eles chegam ao estúdio sem nada e começam a tocar e você acha que nada está acontecendo, quando de repente, uma canção aparece! E o mais incrível é que ela está quando pronta, eles vão em outra direção, como Bono cantando outra melodia a ponto de você se perguntar 'o que esses idiotas estão fazendo? a canção estava praticamente pronta!'. Mas aí você percebe que vem uma outra e ainda mais poderosa. É impressionante."
As gravações aconteceram em um ótimo clima, mas elas foram insanas. Isso porque elas se estenderam até julho, quando o grupo já estava em turnê na Europa.
O dia-a-dia do grupo era sair dos shows até 11 da noite, pegar um avião até Dublin, ir direto ao estúdio, gravar até o começo da manhã, dormir, voltar aos aeroportos, novos shows e quando tivesse um dia livre, revezavam-se em estúdio. "Foi uma loucura, mas foi uma loucura gostosa", garantiu Larry.
E, no dia 5 de julho de 1993, o mundo conhecia o novo disco da banda, Zooropa, que deixou os fãs e a crítica ainda mais surpresos. O disco vendeu 300 mil cópias em apenas uma semana no Reino Unido e foi número 1 em quase todos os países do planeta.
Quando Zooropa saiu, estranhamente não foi tocado em palco. Com arranjos complexos e sem tempo de ensaiar, o grupo foi lentamente apresentando as canções em palco. O disco chegou ser tocado integralmente nos shows finais da excursão, em Tóquio, com exceção de "The Wanderer" (única canção em álbuns do U2 que não é cantada por nenhum membro da banda, e sim por Johnny Cash) e "Daddy's Gonna Pay Your Crashed Car".
Zooropa rendeu excelentes dividendos financeiros, já que a Polygram se viu numa posição difícil, com o U2 tendo seu contrato acabado e com um novo disco pronto. Assim, os dois lados chegaram a um novo termo que tornou o U2 a banda mais rica do planeta. Embora as cifras não sejam confirmadas, estima-se que a banda fechou um contrato da ordem de US$ 200 milhões.
O novo alter ego de Bono, conhecido como Mr.Macphisto, possuía também o hábito de ligar para personalidades dos países em que estavam tocando. Um dos momentos mais marcantes foi quando, em Londres, ligou para o escritor Salman Rushdie, o autor dos livros 'Os Versos Satânicos' que causou irritação aos muçulmanos e uma ameaça de morte ao escritor.
E Rushdie surpreendeu ainda mais ao aparecer no palco do estádio de Wembley durante a apresentação. O único a lamentar o ocorrido foi Paul McGuinness já que o show estava sendo transmitido via rádio para vários países. McGuinness revelou que 10 das 310 milhões de pessoas que estavam ouvindo a apresentação, desligaram ao saberem que o escritor havia adentrado o palco.
E Macphisto não foi a única novidade do grupo. Um fato muito marcante foi a participação do jovem diretor norte-americano Bill Carter nos shows.
Bill havia passado alguns meses na Europa filmando. Ao voltar para a Europa resolveu, junto com sua namorada Corrina, se mudar para o México. Uma ligação sobre um possível emprego em Los Angeles o obrigou a mudar os planos por alguns dias. Enquanto voava, Corrina morria em um acidente de trânsito com a van de Bill. A notícia o devastou e Bill acabou indo para Sarajevo, um local onde a dor era grande, tão grande quanto ele sentia. E Bill ficou lá por seis meses.
O que ele desejava era fazer uma entrevista com o U2 quando eles estivessem em Verona, no dia 3 de julho para a Radio Televizija da Bósnia-Herzegovínia. "A televisão bósnia, com base em Sarajevo, é está muito interessada em fazer uma entrevista com os membros do U2. Nós sabemos que o grupo estará no dia 3 de julho, em Verona, Itália, e achamos que é uma oportunidade perfeita para a entrevista. Verona é um dos concertos da Europa que terá uma grande audiência na ex-Iugoslávia, já que é o único concerto que tem ingressos vendidos por aqui. Sarajevo, na antiga Iugoslávia, era o centro de artes, cultura e rock and roll. Ainda estamos tentando manter viva a cena artística, mas a falta de criatividade atual se dá pelos óbvios problemas físicos e de informações restritas."
O grupo aceitou dar a entrevista e dias depois, Bill Carter e seu amigo Aplon falaram com o grupo antes de subirem ao palco. A entrevista acabou com Bono sendo convidado por Bill a conhecer Sarajevo, convite este que deixou Bono muito interessado. Durante o show, ele dedicou "One" às pessoas de Sarajevo.
O show teve um aspecto emocional muito forte, com Macphisto tentando, sem sucesso, ligar para o Papa João Paulo II no Vaticano. Aliás, Macphisto rodou um filme promocional da turnê nas ruas do Vaticano, espantando os pombos. Mas Sarajevo não seria esquecida por Bono...
agradecimento: www.beatrix.pro.br/mofo
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