PARA VOCÊ ENCONTRAR O QUE ESTÁ PROCURANDO

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

'Spider-Man: Turn Off The Dark' é massacrado pelos críticos de Nova York

Seria preciso um super-herói para salvar o musical 'Spider-Man: Turn Off The Dark', a montagem mais cara da história da Broadway, segundo as primeiras críticas publicadas sobre a superprodução.
"Spider-man não é só o musical mais caro da história a ser montado na Broadway. Também pode ser listado entre os piores", escreveu Ben Brantley, crítico do The New York Times.
Depois dos cinco adiamentos da estreia, do terrível ferimento de um dublê e da saída da atriz principal, Spider-Man precisava causar boa impressão.
Mas, ao invés disso, os críticos que assistiram à produção de 65 milhões de dólares esta semana realmente ficaram impressionados, só que negativamente.
"Não estou brincando", redigiu o crítico do The New York Times. "Depois de 15 ou 20 minutos, as perguntas que a gente continua a se fazer são ′Como US$ 65 milhões podem parecer tão pouco?` e `Falta quanto para eu sair daqui?`", acrescentou.
A Hollywood Reporter criticou as músicas, compostas por Bono e The Edge, do U2, considerando-as "inexpressivas" e a estória, por sofrer de uma "incoerência limítrofe". O Los Angeles Times qualificou o musical de uma confusão fora de controle, "favorecido por recursos demais, artísticos e financeiros... Os investidores de Spider-Man bancaram inadvertidamente uma forma artística de megalomania".
A enxurrada de críticas se seguiu à fracassada estreia, na segunda-feira. Os produtores agora prometem que a estreia será em 15 de março, mas depois de cinco adiamentos os críticos não conseguiram se conter.
Apesar de problemas técnicos, dos ferimentos nos atores e da decisão da atriz Natalie Mendoza, em dezembro, de abandonar o papel de Arachne, o musical atualmente é encenado toda a noite na forma de uma pré-estreia estendida.
Segundo o The Daily News, no mês passado Spider-Man esteve perto da lotação, faturando pelo menos 1,3 milhão de dólares por semana. De acordo com o jornal, há dúvidas sobre se haverá uma estreia oficial, já que poderá alimentar mais publicidade negativa.
De acordo com o tablóide, Homem-Aranha não perde nada em ambição, mas tudo em coerência.
"Uma grande produção que vai em muitas direções e precisa de muito trabalho para torná-la divertida, satisfatória e compreensível", escreveu o crítico Joe Dziemianowicz no Daily News.
"Surpresas acontecem na Broadway. Vamos esperar que eles consigam desfazer a confusão", concluiu.

==========================================
O NY Times comentou que a pungente inaptidão da peça faz o espectador perder logo de cara o choque pelo valor da produção. Segundo o crítico Ben Brantley, depois de 15 ou 20 minutos você se questiona, variando entre “Como é possível U$65 milhões parecerem tão baratos?” e “Há quanto tempo eu tô vendo essa peça?”. Nada parece verdadeiramente novo, nem mesmo as tão divulgadas cenas aéreas, nas quais um pobre coitado está visivelmente amarrado e inquietamente içado sobre a platéia (já fizeram isso em “Mary Poppins”, com sucesso). Tal fato é especialmente infeliz desde que a diretora Julie Taymor e seus colaboradores vem divulgando sobre a ultrapassagem de barreiras que é “Spider-Man” onde nenhum artista de teatro esteve antes.

O crítico do Washington Post Peter Marks disse que depois de 170 minutos sofridos, interrompidos ocasionalmente com as cenas aéreas, concluiu que Julie Taymor esqueceu de incluir em sua esbanjadora lista de compras alguns itens essenciais que garantam o mesmo sucesso com “The Lion King”: um enredo coerente, uma música tolerável e cenários funcionais. Para garantir, Taymor resolveu jogar o herói em cima da platéia.

O Bloomberg News disse que nem Taymor, nem seu co-roteirista Glen Berger acharam um jeito de melhorar o libretto [texto falado do musical], um “ensopado” protofeminista que baseia de forma tola na mitologia de Arachne para iniciar a história, fazendo-o incoerentemente [aqui nas “Notícias da Broadway” também havíamos nos manifestado contra]. Depois desse gasto de talento e dinheiro, “Spider-Man” é incorrigível porque muito se foi para fazer humanos voarem, o que não lhes é natural. Pobremente tenta imitar o que os filmes brilhantemente fizeram com computação gráfica, sem colocar os atores em perigo real. Além de Carney e Page, gostei de Jennifer Damiano, que pouco tinha a fazer como Mary Jane Watson, e o faz sem qualquer triunfo e de Michael Mulheren, como o editor J. Jameson. Talvez a peça terá algumas sessões diretas sem ter que desenrolar ninguém. Um avanço.

Elysa Gardner, USA Today: foi pouco divulgado que, além do drama da produção e do pródigo orçamento e de todas as façanhas e fofocas, vê-se ali um clássico musical… Tudo que sei agora é que a equipe de criação de “Spider-Man” está tentando trazer o teatro musical de volta para o futuro. E essa missão vale a pena cultivar.

Joe Dziemianowicz, NY Daily News: O que eu vi foi uma megaprodução indo em inúnmeras direções e precisando de muito trabalho para torná-la divertida, satisfatória e compreensível.

Elisabeth Vincentelli, NY Post: A uma linda e empolgante cena segue-se outra risível. As cenas aéreas podem ser emocionantes, quando pela primeira vez o Homem Aranha aterrisa sobre a orquestra. Em outros momentos, elas parecem boas o suficiente para Six Flags [administradora de parques de diversão conhecidos por suas enormes montanhas-russas], pois os ganchos e arreios fazem dos movimentos desajeitados.

Steven Suskin, Variety: semanas de exibição de pouco mais de U$12.500.000 de ingressos vendidos, a atração de “Spider-Man” é a espetacular produção física, e se a platéia da sessão de Sábado à tarde não estivesse gritando e aplaudindo, poderia ser descita como uma produção morna. É um trabalho de criação progressiva e a Julie Taymor vem fazendo alterações durante o período de pré-estréia, e, como manifestado, pretende continuar a revisão dos números musicais com base no atual repertório de músicas e letras existentes. A fraqueza da peça está no libretto, músicas e letras, um tiro no pé de todos os musicais; me parece que para Taymor e seus produtores estes parecem ser o menor dos defeitos, e a bilheteria inicial sugere que eles têm razão.

Charles McNulty, LA Times: A maior vergonha de todas é que o ator principal Reeve Carney, e Jennifer Damiano (Mary Jane) são completamente cativantes. Suas sensibilidades atraentes, contudo, não combinam com a máquina a que estão presos. Esqueça das ameaças rosnadas do Duende Verde (Patrick Page coberto numa fantasia verde de plástico que parecer ser óbvia até mesmo para uma festa de Halloween) – o real vilão da história é o desejo de Taymor de ultrapassar seu grande feito [a produção de “The Lion King” na Broadway, um dos musicais em cartaz a mais tempo sem interrupção, até hoje em exibição na Broadway].

David Rooney, The Hollywood Reporter: Uma partitura oprimida é a última das preocupações da produção. O que realmente a afunda é a incoerência do roteiro. O elenco faz bem com o escopo limitado de seus papéis, sendo que Carney, Damiano e Carpio têm vozes expressivas. Mas apenas Page como Osborn/Duende Verde ultrapassa seu personagem.

Linda Winer, Newsday: Já é hora (acho até que já passou) de ligarem as luzes de “Spider-Man – Turn Off the Dark”. O musical de U$ 65 milhões tornou-se ímã de manchetes, piadas e, mais importante, filas nas bilheterias desde a primeira calamidade em 28/11/2010. Mesmo quando a diretora Julie Taymor e Bono e The Edge continuam pedindo por mais tempo para tornar perfeita esta experiência ambiciosa antes de estrear oficialmente.

David Cote , Time Out New York: Críticos, inclusive eu, esperam voltar em 15/03/2011 para fazer suas críticas oficiais, mas eles querem falar agora. Eu vi “Spider-Man” duas vezes, uma com Reeve Carney e outra com o substituto Matthew James Thomas. Ambas vezes houve problemas técnicos que duraram de 5 a 15 minutos, deixando os atores pendurados sobre a platéia, acenando para nós como mascotes de parques temáticos idiotas. O musical não se alterou significantemente no curso de 1 semana. Gostei um pouco mais na Segunda vez (06/02/2011). Porém, enquanto crítico e colecionador de HQ na infância, fiquei profundamente apreensivo com o libretto, partitura e o conceito inatingível de Julie Taymor.

Scott Brown, NY Magazine: Alguns colegas meus imaginam em voz alta se “Spider-Man” algum dia se concluirá, ou mesmo se ele é concluível. Eu acho que vai a um lugar: vi o musical Sábado à noite e o achei previsivelmente interminável, mas imprevisivelmente divertido, talvez por causa da qualidade no estilo incoerente de “Estrela da Morte em construção”. Em termos conceituais, está mais próximo de uma atração de parque de diversões do que arte circense; mais perto de HQ do que musical; mais perto de The Cremaster Cycle do que concerto de rock. Mas “mais perto” implica proximidade em alguns pontos essenciais, e “Spider-Man” está beeeeeeem longe, cara. É de certa forma hiper-estimulado, vívido, escabroso, multicultural, “mal-passado”, terrível, confuso, distraído, ridiculamente habilidoso, chocantemente desajeitado, inequivocadamente maníaco e clinicamente bipolar.


Da AFP Paris
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...