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sábado, 30 de julho de 2011

Stop Sellafield # Parte 02

A aurora chegou cedo no interior do país no solstício de verão, o dia mais longo. Pelas 4:30 o céu está claro e eles cruzam a zona do lago Cumbrian, despistam os carros que os seguiam, evitam os bloqueios policiais e alcançam o Mar da Irlanda. Bono acorda B. P. Fallen, o filósofo e deejay da corte do U2, gritando "B. P.! Vamos ouvir uma música apropriada nos auto-falantes!"
"Algo tipo, 'Get Up, Stand Up'?" pergunta B.P.
"Não," responde Bono. "Eu estava pensando algo tipo o tema de "Havaí Cinco-0.'"
Rastejam para fora do ônibus, piscando como toupeiras recém-nascidas, e inspecionam o frio, frio oceano, os íngremes degraus de escada e os botes de borracha cor de laranja que esperam para levar eles até o navio do Greenpeace.
Eles são instruídos para trocarem os sapatos por botas altas de borracha e para se fecharem dentro de roupas de sobrevivência cor de laranja antes de partirem. Cinco minutos depois estavam cortando as ondas e aquele pequeno navio no horizonte ficava maior e maior. Bono parecia profissionalmente heróico no spray de águas oceânicas, quando um segundo bote do Greenpeace - com a equipe de filmagem e fotógrafos - cortou ao lado deles, imortalizando a nobreza dele.
Encostaram ao lado do navio do Greenpeace, Solo, e a brava tripulação hippie observava-os fixamente do deck e acenava para eles. O tamanho do navio do Greenpeace é impressionante quando você está chacoalheando ao lado dele num botezinho, assim como o é saber que estas pessoas passam a vida se atirando ao perigo na defesa do ecossistema. Um navio do Greenpeace foi explodido pelo governo Francês. O U2 podia ser, como dizia Bono, um conjunto de estrelas do rock numa excursão, mas eles estavam excursionando com heróis.
"Atirem os vossos tesouros e vossas mulheres e tudo correrá bem!" Bono gritou para o navio, do bote. Então amarraram o bote e começaram a subir as escadas de metal ao lado do casco do navio. O capitão explicou que levariam duas ou três horas para navegar para Sul até Sellafield, então seria melhor que tirassem os coletes salva-vidas e fossem tomar o café da manhã. (Bill Flanagan cometeu o erro de pedir uma Coca-Cola; pela reação do herbívoros comedores de comida saudável do Greenpeace, parecia que ele pediu um bastão para bater em focas bebês.) O Solo é uma combinação do ferry de State Island e um dormitório de faculdade - um navio grande e funcional com notas queridinhas e apelidos colados nas portas das cabines individuais. Uma mulher, de um jornal de Londres, que ouviu falar que algo iria acontecer nesta viagem e forçou sua presença a bordo, começou a entrevistar os membros do U2 que ela conseguiu encurralar. A equipe de filmagem do Greenpeace filmou Adam olhando para as cartas naúticas na ponte. Um cara parecido com o Thor que talvez tenha passado muito tempo no mar, tentou convencer o Bono a contratá-lo como roadie.
Adam ficou vagueando pelo interior do navio, procurando por um lugar para sentar-se sossegado. Um subtexto emocional desta operação foi que Sellafield era uma empresa Inglesa poluindo o Mar Irlandês, e o U2 é uma banda Irlandesa. A radiação não reconhece fronteiras, mas o historial de opressão Britânica e ressentimento Irlandês deu a está ação específica um valor extra. Adam nasceu na Inglaterra de pais Britânicos. Ele viu isto como uma questão de nacionalismo?
"Há uma questão relativa ao nacionalismo, mas mais do que isto é uma questão de flechar-arroz," respondeu Adam. "A idéia de que você coloca algo perigoso numa parte do mundo é bastante primitiva como o Lake District, você consegue se sair bem disto porque as pessoas são relativamente não sofisticadas pelos termos de Whitehall. A arrogância é muito mais ofensiva que o nacionalismo."
Durante seis meses, o U2 tinha sido bem sucedido em erigir aquela tela entre a imagem pública e a vida pessoal e convicções deles.
Eles concordaram que seria a única boa ação pública do ano. Eles também esperavam se comportar tão exageradamente quanto possível, evitando aquele tipo de caridade pelo qual eles foram tão mal falados nos anos oitenta. Sellafield foi um teste para o quão versátil a nova imagem do U2 poderia ser.
Adam foi interrompido por uma ordem para descer para o deck inferior para uma pequena reunião.
Às 7 da manhã, as horripilantes torres de Sellafield surgiram enormes no horizonte como Mordor. O Solo baixou a âncora a mais ou menos uma milha de lá. O organizador do Greenpeace anunciou que era hora de todos os que iriam até a margem, calçar as botas de borracha, máscaras no rosto e macacões anti radiação com capuz. Todos pareciam com grandes animais empalhadas, exceto pelo rusticamente belo Larry Mullen, que colocou o seu macacão anti radiação por cima da sua jaqueta preta de motociclista e então puxou as suas lapelas de couro para fora através do fecho. De óculos escuros e boné camuflado do exército, Larry era a personificação do rock de combate. "Eu inventei sofisticado," ele falou pausadamente, "e você está num bote comigo."
Bono e Edge, por outro lado, pareciam burritos de óculos de sol. Eles olhavam um para o outro tentando não rir. Bono estendeu a mão e pegou a mão do parceiro. "Edge," ele disse de forma romântica e eles se abraçaram enquanto os Greenpeaces estupidificados riam. "Isto é que é sexo seguro!" Bono gritou do seu uniforme espacial. "Você não consegue mais segurança do que isto!" Aventura, radiação e privação de sono conspiraram para espalhar um humor brincalhão sobre o U2. Os macacões encapuçados não ajudaram.
A equipe do Greenpeace estava carregando os botes com barris de areia radiotiva das praias irlandesas. A idéia era o U2 chegar à terra e depositar estes barris na porta de Sellafield, um exemplo gráfico do que Sellafield estava bombeando para a Irlanda. Na margem, ativistas do Greenpeace vindos da Inglaterra, País de Gales e Escócia estavam carregando barris das praias dos seus próprios países para a fábrica. Paul McGuinness observava-os através dos binóculos. Então o empresário voltou a sua atenção para um projeto especial para os seus garotos. Paul tinha com ele a capa do álbum 'Help', dos Beatles, com uma fotografia dos Fab Four acenando bandeiras navais de sinalização. Paul tinha oito bandeiras vermelhas e um livrinho de instruções que ensinava como fazer as letras. Ele convocou o U2 para o deck superior e colocou-os em linha e eles aprenderam a sinalizar primeiro "H-E-L-P" e depois "F-O-A-D" - uma das expressões favoritas do Larry que é abreviação de "fuck off and die."
Apesar de serem uma grande banda de rock, coreografia nunca foi uma forte característica do U2. Eles gastaram um tempão fazendo os sinais ao contrário (eles estavam seguindo as instruções do McGuinness, que estava de frente para eles, o que tornava-se confuso) e acertando com as bandeiras uns nos outros. Durante a difícil "Troca!" de "H-E-L-P" para "F-O-A-D." Adam acertou no olho do Bono. Eventualmente, o exercício se tornou uma luta de espada com as bandeiras. Então uma grande comoção subiu pelas escadas vinda do deck inferior. Era hora de invadir a Inglaterra.........
Do livro "U2 At The End Of The World"
Tradução: Forum UV Brasil
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