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terça-feira, 21 de outubro de 2014

Bono fala sobre Cedarwood Road

Bono cresceu no número 10 da Cedarwood Road em Dublin ao lado de seus amigos Guggi Rowen e Gavin Friday, com quem ele permanece perto até os dias de hoje. "Cedarwood Road" no novo disco é dedicada à Guggi.
Bono relembra o local e algumas de suas histórias, que originou a letra da canção do novo disco:

"A nossa casa ficava na Cedarwood Road número 10. Era uma casa normal, de classe média, tinha três quartos e uma garagem e eu dormia em um quarto que era minúsculo. Na parte de trás da casa, havia campos e árvores. Era fantástico. Podíamos sair de casa, subir em árvores e ficar lá durante o dia inteiro. Desaparecíamos para o meio da floresta. Quer dizer, não era bem uma floresta, mas havia imensas árvores, por isso, para mim era uma floresta. Lembro-me de ter medo, pois havia umas gangues que costumavam vagar pelo meio dos “campos” e quando nos apanhavam, o que acontecia várias vezes, davam-nos porrada ou então ameaçavam enforcar-nos e aterrorizavam-nos. Era um lugar muito interessante. Excitante, mas muito perigoso.
Entretanto, derrubaram as árvores e construíram as chamadas Sete Torres, os andares Ballymun. Não sei porque razão são chamados andares, pois são o primeiro projeto de construção em altura do país. Quando já todas as pessoas na Europa tinham chegado à conclusão de que não gostam de viver umas em cima das outras, decidiram fazer a experiência na Irlanda. Começaram a construção e, no início, parecia algo mesmo moderno, ver os edifícios crescer. Era incrível! Meu Deus, um projeto de construção em altura! Uau! E com elevadores! Mas fizeram com que as pessoas saíssem do centro da cidade e fossem viver ali, separando assim as comunidades. Gerou-se muita agitação e insatisfação. Nessas torres habitavam gangues muito perigosas, por isso, embora vivêssemos numa rua muito pacata, tínhamos um bairro violento de cada lado. O Finglas de um lado, a ocidente, e o Ballymun do outro. Era como estar no meio de índios e cowboys, no meio de um estardalhaço constante entre bootboys e skinheads. Uma pessoa andava vagando pela rua e, de repente, aparecia uma gangue e perguntava: “De que bairro você é?”. E nós pensávamos: “Oh, merda! Esta gangue é do bairro Finglas ou do Ballymun?” Se déssemos a resposta errada, haveria morte. Por isso, eu e o meu amigo Guggi tivemos de nos tornar peritos em violência. As lutas de rua eram o pão nosso de cada dia. Lembro-me de, numa dessas lutas, ter pego uma lata de lixo e de ter pensado: “Isto é loucura. Vou mesmo acertar em alguém com isto?” Nesse momento, estava um rapaz em cima de mim pronto para me esmagar a cabeça com uma barra de ferro. Usei a tampa da lata de lixo para me proteger. Teria sido morte certa, se não tivesse a tampa. Não é a mesma violência de que se fala hoje. Não havia armas. Só havia paus, garrafas, navalhas...e, agora que penso nisso, alguns martelos e serras."
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