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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Revisitando 'All That You Can't Leave Behind' - Parte 01


Para comemorar os 15 anos de lançamento do disco 'All That You Can't Leave Behind' do U2, o Consequence Of Sound conversou com um dos produtores do álbum, Daniel Lanois, que junto com Brian Eno, foram responsáveis por levarem o U2 de volta ao coração do que eles fazem melhor: grandes hinos de rock.

Do que você se lembra mais sobre as gravações, 15 anos depois?

Bem, nós gravamos em Dublin, eu me lembro. Nesse ponto, o U2 tinha um estúdio bem no sistema do canal, literalmente três pés da beira da água. Foi neste parque industrial. Naquela época, era bastante incomum, mas desde então evoluiu para uma área para caminhadas. Que é onde nós estávamos.

Em retrospecto, há algo de poético sobre gravar em Dublin, especialmente dada a reputação do registro como um "retorno ao básico" ou voltar à formação da banda. O quanto consciente foi a decisão de trazer a banda de volta para casa?

Eu acho que nesse ponto fez sentido, geograficamente e de outra forma. Em um ponto, o U2 tinha feito 'Achtung Baby', se minha história está correta. Foi sobre como fazer um registro europeu de rock'n'roll em Berlim. Então, depois de flertar também com a música americana, eles estavam felizes o suficiente para voltarem à ser Dubliners novamente. Nós não estávamos procurando por quaisquer forças externas que não fossem as pessoas na sala. Você tem os títulos das canções? "Beautiful Day" é daquele disco?

Sim, é a faixa principal.

Sim. Nós gravamos essa faixa no estúdio que eu descrevi para você. Tenho boas recordações de um setup muito bom. Isso é uma grande parte do sucesso das sessões de gravação do U2. Eles têm uma sala da banda, que é como um grande forno. Você tem que se proteger antes de ir na sala, porque é muito alto o som. E nós temos uma sala de comunicação. Eles tinham uma sala de controle muito grande naquela época. Lá é onde eu e Brian Eno trabalhávamos, e ficávamos muito tempo em nossas estações. Não éramos apenas colaboradores cerebrais do U2. Estávamos ativamente trabalhando com eles.

Eu posso imaginar. Naquele momento, era o quarto disco que vocês estavam fazendo com eles. Você acha que eram uma extensão da família, pelo menos no que diz respeito ao processo de gravação?

Ah, absolutamente. Ficou claro para todos que não éramos apenas técnicos. Nós temos habilidades musicais, então nossas estações foram muito bem-vindas. Na verdade, "Beautiful Day" foi uma das faixas que trabalhamos muito por alguns dias. Uma manhã, Eno e eu chegamos um pouco cedo. Nós tocamos bateria para este tipo de batida beatbox germânica, aquela que se ouve logo na abertura.

É muito identificável.

Sim, cara. Isso é algo que a banda sempre espera de mim e de Eno, que apresentemos à eles diferentes ângulos e maneiras de olhar para o seu trabalho. "Beautiful Day" foi um bom exemplo disso. Deixamos Larry fora do gancho. Ele não precisava fazer essa assinatura de rock'n'roll dele, aquela bateria pesada em cima. Pedimos à ele para fazer uma tarefa diferente, a música tomou um rumo diferente. Era um ponto de virada para a canção. A ideia para a música veio de Bono. Foi no meio de uma longa sessão, e no final da mesma, ele disse: "é um lindo dia. Não deixe ele ir embora." Fizemos uma pausa para o almoço, e quando voltamos nós pensamos: "Bem, isso pode ser o refrão."

Você só descobre quando você ouve isso.

Sim, cara. Então nós cortamos junto no tempo do metrônomo por causa do ângulo do beatbox, e foi isso. Isso foi o começo de muita diversão. Uma coisa sobre como fazer um disco com esses caras é que praticamente permanecermos leais na sala de gravação. Podemos aproveitar o talento na sala, então os backing vocais foram cantados por Edge, Eno e eu. Praticamente todos os hits que fizemos com eles têm destaque nos backing vocais. Não trouxemos ninguém para fazer os vocais de fundo. Fizemos nós mesmos.
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