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segunda-feira, 18 de setembro de 2017

The Edge fala para a Rolling Stone sobre o novo disco do U2 e a próxima turnê em arenas - Parte 01


Os últimos três anos têm testado o U2 de diferentes maneiras, começando com a reação raivosa que recebeu quando presenteou com 'Songs Of Innocence' em 2014, todos os usuários do iTunes, e depois com o acidente de bicicleta devastador envolvendo Bono, que o deixou com vários ossos quebrados e causou uma fratura em seu braço esquerdo. Mas esses contratempos não se compararam a outra crise que Bono enfrentou: "ele teve uma experiência com a mortalidade", diz The Edge, escolhendo suas palavras com cuidado (a banda não vai entrar em detalhes sobre o assunto). "Ele definitivamente teve um momento sério, o que fez com que ele refletisse sobre um monte de coisas."
O episódio fez com que a banda repensasse 'Songs Of Experience', um companheiro de 'Songs Of Innocence', que eles já estavam trabalhando há mais de dois anos. O LP resultante apresenta menos da produção polida que definiu 'Innocence', em favor de uma fórmula mais clássica: guitarras mais voltadas ao rock e baladas que são olhares para dentro. "Eu queria que as pessoas ao meu redor, que eu amava, soubessem exatamente como eu me sentia", diz Bono. "Assim, muitas das canções são uma espécie de carta escritas para [minha esposa] Ali, cartas para meus filhos e filhas."
O U2 fez um show no Lucas Oil Stadium em Indianápolis, Indiana, e The Edge chamou a Rolling Stone para falar sobre o longo caminho para 'Songs Of Experience' e um olhar para o próximo ano da turnê de arenas em apoio ao álbum. (também foi realizada uma longa entrevista por e-mail com Bono que vai ser disponibilizada em breve.)

Vocês estrearam ao vivo "You're The Best Thing About Me" na última noite. Como é que foi?

Eu não diria que foi a melhor que já tocamos, mas foi boa. Nós não tínhamos tocado lá recentemente e o público estava realmente envolvido. Acho que foi um dos melhores shows.

Vocês começaram a trabalhar em 'Songs Of Experience' em 2014, e voltaram a fazer shows mesmo antes de seu lançamento. O mundo mudou muito desde então. Como esses fatores externos mudaram o foco e o propósito do álbum?

Principalmente, o que nós quisemos fazer foi voltar e ver como nos sentiríamos lançando o disco em um mundo que tinha dado uma grande guinada em uma direção diferente. Não estávamos supondo que teríamos que começar ele de novo e, na verdade, não precisávamos. As mudanças que ocorreram foram predominantemente nas letras, e em alguns casos elas foram bastante sutis. Algumas canções mudaram sutilmente apenas para enfatizar um aspecto ou expressar melhor o que estávamos sentindo e as ideias que queríamos colocar nele. Mas de um ponto de vista musical, o que aconteceu com este atraso, que foi algo incrível e genial, é que nós tivemos todas as músicas concebidas e a maioria delas registradas na medida em que elas foram publicadas para lançamento em setembro do ano passado. Mas, há um ano atrás, sentimos que queríamos explorar outras abordagens de produção e outras maneiras pelas quais as músicas podiam ser organizadas e executadas. Sentimos que a química da banda não era como achamos que deveria ser.
Assim, no outono do ano passado, voltamos para uma sala de gravação, como uma banda, inicialmente sem Bono e, em seguida, ele se juntou a nós por alguns dias no final do período, e nós apenas tocamos as músicas. Nós tocamos elas meio que de ouvido, como se elas estivessem sendo apresentadas em um show ao vivo. Parte da razão para fazer isso é que sempre passamos por esse tipo de rotina em que gravávamos o nosso próprio álbum, lançávamos ele e, em seguida, começávamos a reorganizar as músicas ao vivo. Então nossos produtores apareciam no meio da turnê e eles ficavam tipo: "Oh, droga, cara, essa melodia está soando tão legal agora. Eu realmente gostaria que tivéssemos esse arranjo no álbum". Steve Lillywhite costumava dizer: "vocês devem finalizar o álbum, ir em turnê com ele, aprender sobre ele, entender as músicas totalmente, e depois voltar para o estúdio e regravá-lo em uma semana."
Não fizemos exatamente deste jeito. Nós não conseguimos tocar estas canções na frente de uma platéia, mas voltamos ao espaço de ensaio e, em seguida, realmente voltamos para o estúdio para regravar algumas das músicas, e fomos capazes de encontrar uma síntese das performances cruas da banda e algumas das coisas que tínhamos criado antes. Nós meio que pegamos performances de teclado e pequenas ideias que gostamos de versões anteriores das músicas e encontramos uma maneira de juntar elas nas canções. Era o melhor da química da banda misturada com a melhor tecnologia de produção do século XXI. Deu-lhe uma estética mais interessante.

Conversando com Bono há alguns meses, ele disse que sentia que 'Songs Of Innocence' não tinha uma coerência com a produção e deveria ter sido mais cru.

Há essa dicotomia para os padrões de produção nestes dias em que o ouvinte da música é guiado para arranjos realmente precisos, despidos e simples, onde as imprecisões de uma banda tocando em uma sala onde tudo sangra em todo o resto não é o que está acontecendo. Parece, ouso dizer, antiquado. Nós amamos quando isso funciona para nós e nós amamos essa sensação de pessoas tocando em uma sala, quando soa fresco. Mas acho que também estamos desconfiados do fato de que esse som está associado há 20, 30 anos atrás. Precisamos ter certeza, como sempre fizemos, de que somos parte de uma conversa atual que está acontecendo na cultura musical em termos de produção, composição, estrutura melódica, todas as coisas que mantêm a cultura em progresso.
O que nós não queremos é sermos pegos no que eu descrevo como um lago de cultura onde os outros estão se movendo para a frente e você ainda está fielmente fazendo o que você sempre fez, mas agora você é anacrônico e parte de uma forma histórica, em vez de o que está realmente empurrando as fronteiras para a frente, o fluxo de onde está indo. Normalmente tentaremos ter o nosso bolo e comê-lo. Nós queremos ambos: as marcas da banda clássica, que está se tornando cada vez mais raro, mas também não queremos não ser percebidos, e não queremos ser uma banda veterana fora de contato com a cultura. É uma dança. É um equilíbrio. Se permitíssemos que o álbum fosse um extremo ou outro seria errado. É encontrar esse equilíbrio entre o que fazemos naturalmente como uma banda e, em seguida, o que ainda podemos fazer no estúdio. E o estúdio ainda é uma ferramenta de composições para nós e o processo de produção ainda é um processo de composição, bem como um processo de produção.

Eu acho que esse equilíbrio é o motivo pelo qual vocês trouxeram tantos produtores diferentes para este álbum.

Sim. Quero dizer, eles todos não necessariamente trabalham em todas as músicas. Acabamos trazendo no final, Steve Lillywhite, que temos esta relação maravilhosa em termos de entrar na sala e elaborar os arranjos e as minúcias de peças de bateria e peças de guitarra. Steve simplesmente é um um cara maravilhoso que facilita muito para nós, entrando com suas ideias e refinando as coisas. Também temos Jacknife Lee, com quem trabalhamos há muitos anos. Ele tem essa fascinação com a produção de hip-hop e ele também trabalha com bandas de guitarra, então ele tem um pé em alguns campos diferentes.
Então temos Andy Barlow. Ele é um produtor de eletrônica e sintetizador que não é realmente usado para bandas ou guitarras, mas ele é incrível de outras maneiras. Ryan Tedder é um colaborador surpreendente e seu sentido melódico é algo muito forte. Quando estamos perto de Ryan essas músicas ficam cada vez melhores. Os refrões melhoram. Os ganchos melhoram. Os arranjos começam enxutos e mais focados. E então o Jolyn Thomas, um grande produtor de rock & roll e que adora as bandas. Ele adora guitarras. Mas ao mesmo tempo que parece o som correto de guitarra, você não terá esta certeza até o último minuto. Há coisas sutis às vezes, apenas a diferença entre o som da guitarra do White Stripes e o som da guitarra do Led Zeppelin. De certa forma, é uma coisa sutil, mas de outras maneiras eles são mundos separados.

O Steve é o mais próximo? Vocês o trazem no final para ver tudo?

Bem.. sim e não. Eu acho que neste caso, foi mais para o lado orgânico do registro. Ele veio trabalhar nisso. Às vezes, tínhamos versões quase rivais. Teríamos uma música como "The Blackout" onde quase tivemos duas versões dela. Havia uma versão mais orgânica e, em seguida, em um estúdio lá em cima tínhamos uma outra versão que era um pouco mais do século XXI, um pouco mais despida. Nós juntamos as músicas para o álbum numa base caso à caso. "Bem, esta pode ser um pouco mais orgânica porque aquela é um pouco mais processada e disciplinada de maneira sônica." Você provavelmente notou que a versão de "You're The Best Thing About Me" que lançamos é bem diferente da que estamos tocando ao vivo, e a mixagem final é como seis semanas de distância dela.

Como vocês escolhem entre as músicas? Qual é o processo?

O processo é que, lentamente, começamos a colocar as músicas base em seus lugares e depois preenchemos ao redor delas e obtemos as faixas para a identidade geral do registro. Para mim, uma das melodias inovadoras foi "The Lights In Front Of Me", que agora é chamada de "The Lights Of Home". Tivemos muitos versos de rock and roll que pareciam realmente excelentes, mas eram um pouco retrô. Jacknife fez um arranjo mais despido. As baterias eram uma espécie de questão em aberto, então Larry entrou e tocou bateria, então ele teve a disciplina de uma produção muito contemporânea, mas depois tocou essa incrível e muito linda bateria de forma humana em cima disso. Eu acho que porque ele foi gravado sendo ele próprio, pôde ocupar o espectro do som que ele faz. Ainda soa muito moderna, mas quase parece que tem uma influência de hip-hop ou, o contrário, uma influência de R & B do que de rock. De qualquer forma, essas pequenas faixas às vezes fazem você pensar: "Uau, essa é a síntese que estamos tentando alcançar aqui"."
No caso de "You're The Best Thing About Me", nós estávamos realmente animados com mixagem que tínhamos há seis semanas. Então começamos a discutir sobre como nós iríamos tocá-la ao vivo e eu voltei para algumas demos antigas e encontrei esta que tinha feito em um momento em que estávamos experimentando ideias de arranjo diferentes. Foi uma experiência que não havíamos buscado e eu pensei: "esta seria uma boa abordagem se a gente tocá-la ao vivo", e foi o que fizemos no programa de Jimmy Fallon. É uma abordagem desenvolvida com algumas guitarras novas.
Então Bono entrou no estúdio para ouvi-la e foi como: "Ok, algo está acontecendo aqui. É uma música melhor agora. Eu não posso explicar o por que, mas eu estou sentindo algo saindo disso." Então, nós meio que entramos em pânico com a gente trabalhando agitadamente com dois dias para transformá-la em um single e levá-la a todos para a audição e considerações. Acabamos concordando que a simplicidade, a crueza disto, oferece um contrapeso para a letra e melodia, que é muito clássica. É uma canção de amor e isso a conduz de maneira mais convincente. De alguma forma a música parece melhor - e foi feita totalmente de última hora.

Vocês já finalizaram o álbum?

Na medida, temos ordem de execução definida, o título, mixagens que estão de acordo, pequenas nuances onde queremos fazer pequenas mudanças. Então, sim, está absolutamente pronto para ir para o último polimento. Estamos muito satisfeitos com ele.

Quais foram os últimos polimentos?

Só um polimento, não substancial. Nada que ninguém além da banda seria capaz de notar, porque temos as mixagens prontas e estamos tentando encontrar as nossas favoritas. Podemos gostar da mixagem, mas talvez haja uma mudança lírica que não tenha sido colocada no mix. ... É realmente apenas pequenos ajustes finais.
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