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segunda-feira, 18 de setembro de 2017

The Edge fala para a Rolling Stone sobre o novo disco do U2 e a próxima turnê em arenas - Parte 02


O U2 fez um show no Lucas Oil Stadium em Indianápolis, Indiana, e The Edge chamou a Rolling Stone para falar sobre o longo caminho para 'Songs Of Experience' e um olhar para o próximo ano da turnê de arenas em apoio ao álbum. (também foi realizada uma longa entrevista por e-mail com Bono que vai ser disponibilizada em breve.)

Você disse sobre uma "experiência com a mortalidade" de Bono. Pode contar sobre isso um pouco?

Nós estávamos bem no processo de fazer o álbum e isso meio que influenciou a direção lírica e onde terminou. Foi meio que uma citação vinda de Brendan Kennelly. Ele é um poeta irlandês e uma vez ele nos disse como uma espécie de conselho, que ele sempre achou útil escrever como se você estivesse morto. A dedução é que isso livra você de ter que se justificar mais tarde ou ser delicado ou ser outra coisa senão uma expressão pura de sua essência e o que é crucial para você.
Bono pegou essa citação, essa ideia, e ele escreveu um monte dessas letras como cartas para certas pessoas que são pessoas muito importantes em sua vida, sendo alguns os fãs do U2, sua família, amigos, quem quer que seja. Se tornaram como uma série de cartas lá no fundo de sua mente. Ele estava pensando: "se eu não estiver por perto, o que eu gostaria de deixar para trás?" E estas letras têm um certo poder para eles. Eu acho que claramente o levou a um lugar onde ele queria escrever sobre as coisas essenciais. Claro, no momento em que terminou o registro, o aspecto político começou a ser trazido novamente para ele, por isso tornou-se uma síntese de letras muito pessoais com referências políticas sobre o que está acontecendo.

Há uma, "Summer Of Love", que claramente é sobre os refugiados

Houve muita coisa que entrou nessa, mas um dos pontos de partida foi uma história da CNN sobre o jardineiro de Alepo. É sobre um cara que mantinha um jardim em Alepo, enquanto continuava passando por toda a guerra. Foi uma declaração política para o mundo inteiro que ele manteve este jardim em pé. Ele era um personagem profundamente filosófico e para ele era um ato de rebeldia cultivar flores no meio de Alepo. Ele realmente acabou sendo morto em um ataque aéreo, por isso foi um final muito triste, mas Bono foi realmente inspirado pelo seu desafio. Quando estávamos olhando para essa música, decidimos que deveria ser o foco geograficamente.

As primeiras linhas de "The Blackout" falam "Um dinossauro se pergunta por que ele ainda caminha pela Terra". Você está cantando sobre ser uma banda de rock em 2017?

Eu acho que é isso, mas ele também está falando sobre onde nós vamos a partir daqui e eu acho que há mais de um aspecto político e há também uma referência à Donald Trump. O que é divertido sobre algumas dessas músicas é que há duas músicas acontecendo quase em paralelo.

Irão lançar este disco de uma maneira tradicional?

Eu acho que neste momento estamos muito empenhados em lançar ele em cooperação com todas as partes interessadas no negócio de lançamento de música, ao invés de alguma nova experiência, como fizemos no último disco, encontrar uma única forma de lançamento e ficar por trás daquilo. Parte da razão pela qual eu acho apropriado para este momento é que, embora a indústria da música esteja fragmentada e cada vez mais difícil de se notar, porque há tantos pontos de venda diferentes e tanto barulho e atividade e tantos álbuns que são lançados, é um momento para nós encontrarmos uma coalizão de parceiros que estão entusiasmados com este trabalho.

Então no dia do lançamento estará disponível no Spotify, Apple, Tidal ...

Sim, estamos trabalhando com toda essa gente. Esse é o nosso mantra agora. Estamos preparados para trabalhar com todos.

Sabemos que vocês irão voltar para as Arenas na turnê no próximo ano. Vocês estão analisando ainda o setlist? Além das novas músicas, vocês vão tocar antigas canções, diferentes daquelas que estão sendo tocadas na turnê de 'The Joshua Tree'?

O que temos agora são fortes suposições de trabalho, em vez de um plano concreto. Então, sim, o forte pressuposto de trabalho é de que estaremos tocando em Arenas no próximo ano, promovendo o álbum. Nós vamos tocar na América do Norte e Europa e provavelmente mais longe também. Estamos na fase de planejamento agora e conversando sobre a produção e tudo isso, então eu espero que é o que vamos fazer. Mas é claro, até que seja um plano totalmente concretizado, eu não sei.

Já pensaram sobre o setlist, ou ainda está longe para isso?

Não estamos nessa fase, mas vamos começar a pensar em breve. O que é interessante é que nós temos esses dois álbuns que são companheiros: 'Songs Of Innocence' e 'Songs Of Experience'. Poderíamos fazer uma turnê só com esses dois álbuns. Isso seria uma proposta interessante. Provavelmente não é o que nós vamos fazer, mas há opções muito interessantes para explorar. Vamos tocar apenas este novo álbum e algumas músicas clássicas do U2 ou tocaremos músicas de 'Songs Of Innocence' também? Em alguns aspectos, eu gostaria de tocar 'Songs Of Innocence' novamente, porque nós não fizemos tantos shows da última vez como poderíamos ter feito, e eu acho que é um show que realmente funcionou. Adoraria fazer mais. Neste ponto, temos a liberdade de fazer o que quisermos.

Vocês então podem não tocar canções de 'The Joshua Tree' para ser algo diferente da turnê deste ano?

Eu acho que está muito claro que temos tocado estas músicas neste verão e na verdade na maior parte deste ano, e se você realmente pensar sobre isso, seria uma boa ideia fazer uma pausa ao fim disto.

Seria inédito fazer um show sem pelo menos "Where the Streets Have No Name"

Sim. Acho que talvez tenhamos feito uma turnê sem "Where the Streets Have No Name" no set. Eu não diria que seria inédito, mas seria incomum. Mas eu não descartaria. Nós temos um monte de músicas e nós gostamos de descansar elas de vez em quando, porque às vezes elas começam à ir para um lugar onde começam a perder a sua ressonância mais profunda. O aspecto emocional de qualquer canção do U2 é o ponto de partida. Você nunca quer estar em uma situação em que você está tocando uma música em que se sente como se estivesse fazendo isso por rotina.

Este ano é o 20º aniversário do 'POP'. Você está ciente do culto que cresceu em torno dele na comunidade de fãs do U2?

Bem, é algo que só recentemente me tornei consciente. Eu amo o disco e eu acho que há algumas grandes coisas nele. Mas no momento em que foi lançado, nos escapou um pouco porque foi feito de forma apressada. Nós tínhamos marcado já a turnê e se tivéssemos mais tempo eu acho que todos nós sentimos que teria sido melhor finalizado. Começamos tentando fazer um disco de cultura dance e, em seguida, percebemos que no final havia coisas que podíamos fazer que nenhum produtor de música eletrônica EDM ou artistas poderia fazer, então resolvemos tentar e obter as duas maneiras. Nesse caso, provavelmente fomos longe demais na outra direção. Nós provavelmente precisávamos permitir um pouco mais da eletrônica para sobreviver.

Canções como "Please" e "Gone" envelheceram muito bem

Eu amo essas duas músicas. Gosto até mesmo de "Wake Up Dead Man". Adoro essa melodia. Uma das músicas que eu estava tentando persuadir todos a tocar na última turnê foi "The Playboy Mansion". Mas acho que o 'POP' é um grande disco. Eu estava muito orgulhoso dele até o final da turnê. Finalmente descobrimos isso quando fizemos o DVD. Foi um show incrível que eu estou realmente orgulhoso.

Pergunta totalmente aleatória: há alguma chance de vocês tocarem ao vivo "Lady With the Spinning Head"? Os fãs iriam ficar loucos!

Poderia acontecer sim! Quero dizer, é engraçado. Essa melodia foi a primeira que nós trabalhamos quando estávamos fazendo as primeiríssimas demos para 'Achtung Baby'. Eu era muito inspirado pelo que estava acontecendo na cena musical de Manchester. Havia esta nova sensibilidade rítmica que era absolutamente a síntese do rock e a cultura club de Hacienda com bandas como Happy Mondays e Charlatans e New Order. Foi uma época tão incrível de música, e então, quando entramos no estúdio, usava baterias eletrônicas e estava tentando encontrar um caminho para uma abordagem mais rítmica. "Lady With The Spinning Head" foi uma música protótipo e passamos pelo processo do que chamamos de divisão celular. Tornou-se "The Fly", que se tornou "Zoo Station" e tornou-se "Light My Way". Acabou sendo três músicas no 'Achtung Baby'.
Ainda estamos tocando "Light My Way" nesta turnê. Mas sim, eu gosto dessa melodia. É a versão crua com todas as texturas que acabamos colocando em outras músicas que se tornaram monstros, mas é o DNA para um monte de canções daquele álbum.

Por fim, vocês estão fazendo um snippet de "Drowning Man" durante "One" em alguns shows. Isto pode se transformar em um sonho realizado, em ser tocada ao vivo na íntegra?

Faltou uma pontinha para "Drowning Man" (na 360°). Eu acho que é sobre encontrar o ajuste certo para algumas músicas. Embora tenhamos chegado perto de tocá-la ao vivo, era algo que simplesmente não se encaixava no momento e na produção. Eu acho que nós vamos definitivamente chegar a essa música ao vivo um dia, mas eu acho que talvez terá que estar em um ambiente mais íntimo, talvez com instrumentos adicionais. Mas eu adoraria fazer isso. É uma das minhas favoritas. Lembro-me mesmo de pensar na época: "Oh, talvez essa seja um single". Eu adoro isso e tenho um verdadeiro ponto fraco por esse tipo de coisa.
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