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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

As gravações do álbum 'The Unforgettable Fire' - Parte1

O U2 temia que após o rock oitentista do álbum War e sua 'War Tour' em 1983, eles corressem o perigo de se tornarem outra estridente banda com o slogan 'rock de arena'.
O sucesso do álbum ao vivo 'Under A Blood Red Sky' e do VHS 'Live At Red Rocks' no entanto, tinha lhes proporcionado pela primeira vez, um lado finaceiro bom para se movimentarem.
Após um show no Phoenix Park Racecourse em Dublin, em agosto de 1983, uma das datas-finais da 'War Tour', o vocalista Bono falou em metáforas sobre uma divisão da banda e de uma reformulação para uma nova direção. Na edição 10 da revista 'U2 Magazine', lançada em fevereiro de 1984, Bono sugeriu mudanças radicais no próximo álbum, dizendo que ele não podia mais dormir à noite com 'o pensamento disso tudo' e o baixista Adam Clayton lembrou: "Estávamos procurando por algo mais sério, mais arte".
A banda gravou seus três primeiros álbuns com o produtor Steve Lillywhite, e ao invés dele criar também o "filho de War", uma experimentação foi decidida.
Lillywhite e a banda concordaram que era hora de mudar de produtores para não repetir a mesma fórmula.
A banda tinha pensado em chamar Jimmy Iovine para produzir uma nova gravação. No entanto, eles acharam que suas antigas idéias musicais para o álbum tinha um estilo muito 'europeu' para um produtor americano. Eles também consideraram se aproximar de Conny Plank, cujos créditos anteriores incluía Kraftwerk e Echo and the Bunnymen, e também pensaram no produtor Rhett Davies, do Roxy Music.
O guitarrista The Edge tinha um apreço muito grande pelo trabalho do músico Brian Eno, admirando o seu ambiente e "obras estranhas".
A banda também gostava de seu trabalho com os Talking Heads. Sem nunca ter trabalhado com música como a do U2, Eno ficou relutante no ínicio.
Quando a banda tocou pra ele o álbum 'Under A Blood Red Sky', Eno arregalou os olhos para aquele 'rock oitentista de arena'.
Eno trouxe seu engenheiro de longa data, Daniel Lanois para um encontro com o U2, na pretensão de recomendar o trabalho dele em seu lugar.
As dúvidas para a aceitação de Eno foram resolvidas pelo poder de persuasão de Bono e sua percepção crescente, que Brian Eno chamou de "alma lírica do U2 em abundância", traços que se tornaram menos evidentes no álbum War.
Eno comentou que a banda estava "constantemente lutando contra ela, como se estivessem com medo de serem dominados por algo mais suave".
Eno ficou impressionado pelo modo como se expressavam, que não foi em termos de música ou como tocavam, mas em termos das suas contribuições para a identidade "da banda como um todo". Eno e Lanois, eventualmente concordoram em produzir o disco. Eno explicou que concentrou as idéias e os aspectos conceituais, enquanto Lanois tratava dos aspectos de produção. Nas palavras de Bill Graham, a tarefa de Eno foi "ajudá-los a amadurecer um novo, mais experimental e europeu vocabulário musical".
O chefe Chris Blackwell, da Island Records; inicialmente tentou fazer com que eles desistissem de contratar Eno, acreditando que naquele momento em que a banda estava prestes a atingir os mais altos níveis de sucesso, Eno iria "enterrá-los sob uma camada grande de 'avant-garde (vanguarda)'".
Nick Stewart , também da Island Records, disse que naquele momento pensou que os músicos do U2 fossem "loucos", mas que a decisão do grupo de se aprofundar e encontrar uma dimensão extra tornou-se o "ponto de virada na sua carreira".
As canções "Pride (In The Name of Love)", "The Unforgettable Fire" e "A Sort of Homecoming" foram trabalhadas na casa de Bono em Martello Tower, em Bray, Dublin.
A gravação do álbum começou no início de maio em 1984, com uma sessão de um mês de duração no Slane Castle, County Meath, em Dublin.
O 'Windmill Lane Studios', onde a banda havia gravado seus três primeiros álbuns, não tinha um espaço para a banda gravar ao vivo, e então, o Castelo Slane foi escolhido como um local onde poderiam gravar e tocar ao vivo em salas com boa qualidade de som.
A banda e a equipe ficaram no castelo, e vivendo juntos durante as sessões, uma afinidade maior foi criada.
Eles escolheram o salão gótico do castelo, que foi construído com um teto muito alto especificamente para se fazer música lá, e que proporcionou um ambiente descontraído e experimental. Uma prova que a banda estava relaxada lá, é que um dia chegaram à gravar nús.
O aproveitamento do Slane para o U2 foi que ao invés de utilizar efeitos de reverberação e revitalizar o som do estúdio usual, eles fizeram o oposto e utilizaram uma sala de música ao vivo para domesticar o seu som selvagem.

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