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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O primeiro 'blues' de Bono

Da biografia oficial U2 BY U2:

Bono: Eu parti para Nova York onde Steve Lillywhite estava gravando com os Rolling Stones e me convidou para as sessões. Ele disse que Mick e Keith não estavam se dando muito bem e que, talvez, fosse bom ter uma distração. Então eu passei por lá e eles foram muito bons comigo, todos eles. Até que Keith começou a tocar piano e Mick estava cantando músicas country. Eles pareciam se entusiasmar um com o outro, e também comigo. Eu percebi que eles tinham um longo catálogo de músicas de outras pessoas com as quais lhe eram familiares. Então eles pediram que eu cantasse uma música. Eu respondi: ‘Eu não conheço músicas de outras pessoas.’ Eles riram e perguntaram, ‘O que você quer dizer?’ Eu disse: ‘Eu não conheço nenhuma música de nenhuma outra pessoa. E então, como crianças, tentamos tocar algumas das músicas deles e você realmente não ia querer ouvir aquilo.’ Eles disseram, ‘Você deve saber algo!’ Eu perguntei para eles, ‘Vocês conhecem “Glad To See You Go”, dos Ramones?’ Não estávamos indo a lugar algum. Foi então que eu percebi que o U2 não tinha tradição, tínhamos surgido do espaço sideral. Não havia raízes para a nossa música, nem blues, nem gospel, nem country – éramos pós-punk. Nossos pontos de partida foram NME, Joy Division, Kraftwerk, Penetration e The Buzzcocks. Era uma situação estranha. Keith perguntou, ‘Você não conhece o blues?’ Eu respondi, ‘Desconheço e repudio. ’ Ele foi pego de surpresa. ‘O que você quer dizer com isto?’ Eu contei a ele, ‘De onde eu venho, qualquer um que toque blues, o faz em um ritmo lento de doze compassos, o que significa que eles não têm idéias originais’. Ele respondeu, ‘Então você não ouviu o blues. Quando você ouvir blues não vai ficar entediado, vai ficar assustado’.
Durante as próximas horas, Keith escolheu alguns vinis e pôs alguns de John Lee Hooker e Robert Johnson. Eu ainda estava tão impressionado com Keith como compositor e figura do rock, que o fato de ele estar gastando o seu tempo para me apresentar ao blues era algo que eu nunca iria esquecer. Ele me fez ouvir esses discos, e eles soavam como o fim do mundo – mais punk rock do que qualquer coisa que eu já tinha escutado. Eu estava ouvindo uma faixa de John Lee Hooker e perguntei, ‘Quem está tocando bateria?’ ‘Isso é o pé dele’, disse Keith. ‘Ele só estava chutando a tábua do assoalho’. Eu fiquei sem palavras. Fui embora com minha cabeça zonza, voltei sozinho para o meu quarto de hotel, escrevi ‘Silver and Gold’ e tentei aplicar o que eu tinha acabado de ouvir ao projeto, que era montar um álbum anti-apartheid. Eu telefonei para Keith no dia seguinte e disse, ‘Posso ir aí? Eu tenho uma música e gostaria de tocar para vocês. Talvez vocês queiram trabalhar nela’. Keith respondeu, ‘Com certeza’. Então eu gravei uma versão acústica da minha primeira canção de blues com Keith Richards e Ronnie Wood. Ronnie tocou slide batendo levemente com uma faca, ele é realmente um dos melhores tocadores de slide que já existiram. Um jornalista chamado Robert Palmer, um dos meus escritores favoritos, que já faleceu, tocou clarinete. Aquilo era ‘Silver and Gold’.
Eu cortei as pontas da minha barba africana. Parecia um Abraham Lincoln pirado, pós-punk.

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