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sexta-feira, 13 de julho de 2012

Hawkmoon 269

A estrada pode ser um bom lugar pra escrever. O estímulo está ao redor – os novos locais, sons, cheiros, experiências que fornecem o metal de base a partir da qual as músicas podem ser forjadas. Além disso, existem lacunas, horas gastas no trânsito ou escondidos em algum quarto de hotel que precisam ser preenchidas. A experiência, por um lado trabalha da melhor forma para usar esse tempo ocioso. Um Pro Walkman para a captura de progressões de acordes, melodias, ritmos. As idéias líricas podem ser anotadas num caderno: um título potencial aqui, uma frase memorável ali, um couplet, um refrão, um verso. Pepitas que podem algum dia abrir a porta para uma canção.
The Edge tinha o Walkman fazendo horas extras durante a tour de The Joshua Tree.
‘Hawkmoon 269’ foi uma das estruturas esboçadas, apenas ele e um violão, sobre um tocafitas.
Foi ali, em sua forma bruta, uma peça em busca de uma letra. “Hawkmoon é um lugar em Rapid City, Dakota”, The Edge me disse na época do lançamento de Rattle and Hum. Nós passamos por lá na tour de Conspiracy of Hope e Bono, sempre um homem com um caderno à mão, pensou ‘Isso soa bem’. Então ele usou isso como um ponto de partida para a música”.
Não foi o único. Bono lembra de uma ressaca esmagadora que aumentou a sensação de deslocamento que freqüentemente infecta músicos na estrada, e o refrão vem em linha reta para fora do buraco negro em particular: “Quando a noite não tem fim/ e o dia ainda não começou/ Como o quarto gira em torno de você/ Eu preciso do seu amor”.
Talvez fosse sintomático, que se tornou um demônio para gravar. Bob Dylan veio para tocar na faixa e contribuiu com uma espécie de efeito hurdy gurdy embriagado que, provavelmente, capta com precisão o estado de espírito que ele estava no dia. A banda acumulou, se movendo convincente da retenção para o abandono, mas a batalha para colocar uma forma final nisso continuou. “Na verdade ela foi mixada 269 vezes”, Joe O’Herlihy ri. “Que é de onde vem o título”.
Bono parece infeliz em discutir isso mesmo agora. “Era minha canção favorita do álbum”, ele diz, “mas nós na verdade, fisicamente desgastamos a fita fazendo aquele número de mixes, e como resultado, algumas das esticadas do ritmo não existem, do jeito que elas deveriam ser. Então tenho uma reação ruim ouvindo agora, com base em como ela deveria ter soado”.
Não que alguém fora de campo notaria. Começando como uma canção de amor, ela se transforma num grito de luxúria, um grande vulcão de fundição de uma peça que culmina no canto gospel mais intenso da carreira do U2: “Meet all your love in the heartland” o backing que a tríade Edna Wright, Carolyn Willis e Billie Barnum repete, constrói o canto mais e mais até que chegue a um ponto morto.
“Eu tenho certeza que havia uma enorme frustração sexual na performance daquela canção”, Bono admite. “Eu não sei quanto tempo estávamos longe, mas neste momento nós éramos homens completamente crescidos de carteirinha de 26, 27 e 28. Nós estávamos gravando em Sunset Sound, com toda a merda que acontece por lá passando. Busca e destruição, helicópteros procurando por apreensões de drogas. Sunset Strip. Prostitutas. Cada neon sinalizando publicidade de sexo de alguma forma. Você pode sentir tudo isso vindo à tona em ‘Hawkmoon’”.
Isso está lá no ritmo. Na estrondosa explosão do tímpano de Larry Bunker e Larry Mullen quebrando pratos. Que está lá nas metáforas torturadas de Bono e seus vocais uivantes.
Está lá na guitarra suja de The Edge. Está lá no baixo palpitante de Adam.
‘Hawkmoon 269’ pode sentir-se menos do que perfeita para a banda, mas a perfeição é pouco do que se trata. Robert Palmer pode ter cantado sobre ser viciado em amor, mas essa foi a coisa real. Ainda melhor que a coisa real.
Agradecimento: Rosa - Achtung Zoo
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