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quinta-feira, 28 de março de 2013

O concerto gratuito em que o U2 pegou emprestado equipamentos da banda Grateful Dead e que causou problemas à Bono por vandalismo

No calor do momento, em novembro de 1987, o U2 decidiu fazer um show no improviso no meio do distrito financeiro de São Francisco. Cerca de 20.000 pessoas compareceram logo após o almoço para ver o U2 tocar em um concerto gratuito. O lendário promoter Bill Graham ajudou a organizar o concerto em menos de um dia, e pegou emprestado equipamentos do Grateful Dead para o show. Phil Joanou operou uma única câmera que forneceu as imagens do show para o filme 'Rattle And Hum', e Jimmie Iovine gravou o áudio do show.
Bono anunciou: "Como o setor empresarial está tendo problemas tão grandes, nós decidimos fazer o concerto 'Save the Yuppie'", referindo-se à queda da bolsa no dia anterior. Abrindo com um cover de Bob Dylan, "All Along The Watchtower", que eles haviam tocado apenas uma vez antes (em Londres, 1981). Bono improvisou a linha "tudo o que tenho é uma guitarra vermelha, três acordes e a verdade. Tudo o que tenho é uma guitarra vermelha , o resto é com você."
Durante "Sunday Bloody Sunday", ele vê alguém acenando com uma bandeira irlandesa "SF U2" escrito nela. Ele pergunta para o cara se 'SF' é o nome de uma menina ou se ele representa o Sinn Fein, braço político do IRA. "Eu não sei como você pode ficar de pé ou tem estômago para assinar isto". Bono então repreende o cara sobre as atrocidades do IRA em Enniskillen que aconteceram quatro dias antes. Embora a raiva seja combustível para Bono na versão explosiva da música, o sentimento geral entre a multidão é que sua indignação foi equivocada, já que era tão óbvio que 'SF' significa 'São Francisco'.
O incidente é logo esquecido quando a banda continua o seu set habitual e Bono interage com a multidão. "Como você sabe, isso é realmente uma maratona", brinca ele antes de "Out Of Control". "Estamos levantando dinheiro para o setor de negócios aqui. Eu estou usando o chapéu, porque eu vou estar passando ao redor mais tarde." Ele anuncia "People Get Ready", como uma canção que Deus co-escreveu com Curtis Mayfield. "Silver And Gold" é estendida com um longo discurso sobre o que levou Bono à escrevê-la. Durante "Pride" (e não "All Along The Watchtower" como feita na edição do filme 'Rattle And Hum'), ele corre para a Fonte Vaillancourt e sobe por uma escada para pulverizar tinta spray na estátua "Rock And Roll Stops The Traffic" (Rock And Roll Pára O Tráfego), como um reconhecimento do poder do rock and roll.
A pichação de Bono com o spray não caiu bem com as autoridades locais. A prefeita de São Francisco Diane Feinstein havia travado uma guerra contra os grafiteiros há anos, e condenou as ações de Bono. Ela afirmou: "Lamento que uma estrela do rock que é suposto ser um modelo para os jovens, escolheu vandalizar o trabalho de outro artista".
A polícia de São Francisco tinha em mãos uma acusação contra Bono de contravenção de ações maliciosas. Mesmo o prefeito de Dublin teceu críticas às ações de Bono. O pai de Bono, Bob Hewson, comentou em jornais irlandeses que seu filho "merecia qualquer coisa que o condene".
Bono disse que sua ação foi uma expressão artística e nada mais. Em público, ele pediu desculpas e pagou a conta para ter a estátua limpa novamente. A organização do U2 tentou convencer as autoridades de que não foi um ato deliberado de vandalismo. Uma semana mais tarde, todas as acusações foram descartadas quando a polícia percebeu que a coisa toda explodiu em enorme proporção.
Alguns dias depois, a banda estava tocando em Oakland em um show da turnê Joshua Tree, e Bono disse ao público: "Como vocês sabem, eu tenho passado por algumas dificuldades aqui em São Francisco. Um policial me ligou no meu quarto de hotel. Ele disse que estava coletando evidências sobre um "ato de violência" na Fonte Vaillancourt. Eles disseram: "Sr. Hewson, levamos muito a sério essa coisa nesta cidade." Eu disse que levava muito a sério também, mas ele tinha pego uma banda de rock and roll. Eu quero dizer, isso é U2. Nós somos o Batman e Robin do rock and roll, pelo amor de Deus. De qualquer forma, eu acho que deveria ser explicado que há uma grande diferença, porque o próprio Armand Vaillancourt tinha pintado com spray sua própria escultura alguns anos antes, quando ele inaugurou. Quero dizer, nós fizemos um show gratuito para a cidade de São Francisco, eu quero dizer...". Bono parecia perturbado com todo o assunto, e queria provar sua inocência. Ele havia convidado o artista em questão, Armand Vaillancourt, por todo o caminho de Quebec até o palco, para explicar o que ele achava de Bono pulverizando sua estátua com spray. Armand, andando com muletas, declarou que ele estava contente de estar ali, e que ele lamentava que o graffiti de Bono foi lavado de seu trabalho. Apenas para o registro, Bono pediu desculpas a Armand e oferece-o a igualar o placar. Ele deu para Armand uma lata de spray para ele grafitar o palco do U2. Ele então escreve: "Stop The Madness!" (Pare Com A Loucura).
Na noite seguinte, no mesmo local, Bono apresenta René Castro, um artista de mural que ele conheceu em São Francisco durante a turnê da Anistia Internacional. Ele veio acompanhado no palco com seu grupo de 20 artistas de uma comunidade chamada 'Placa', e eles foram convidados à utilizarem tinta spray no pano de fundo do palco. "E, com alguma sorte, seremos capazes de mostrar à prefeita Feinstein a diferença entre um ato de vandalismo e a arte do graffiti", Bono desabafou.
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