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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Bono em documentário sobre a vida de Victor Jara

'A Ressurreição de Victor Jara' é o nome do ambicioso documentário sobre o artista, que é preparado há cinco anos e sob a premissa de toda a influência de sua obra, de cantores-compositores locais, aos megastars estrangeiros que o citam como referência.
No trailer disponível no site oficial (www.resurrectionofvictorjara.com) há depoimentos de Bono, Emma Thompson, Judy Collins e Pete Seeger, Devendra Banhart, Jackson Browne, Arlo Guthrie (filho de Woodie) e Peter Yarrow ( do trio Peter, Paul and Mary ).

Embora ele sempre consiga estar em todas, não é por acaso que Bono aparece no documentário." Não se esqueçam de Victor Jara", foram as palavras ditas por ele no último show do U2 no Chile em 2011, na performance da canção lançada em 1987, "One Tree Hill", em que Victor é citado na letra, em uma pequena homenagem à sua memória.
No poster do documentário, foi usada a frase "his song a weapon in the hands of love", e os créditos ao U2.
Grande cantor popular chileno, Victor Jara foi cruelmente assassinado nos primeiros dias da ditadura instaurada pelos militares liderados por Augusto Pinochet em 1973. O crime aconteceu no Estádio Nacional que servia de prisão para milhares de militantes. O relato chocante abaixo, que mostra a barbaridade do assassinato, foi retirado de No Olho do Furacão, do jornalista brasileiro Paulo Cannabrava, a partir de relatos de quem esteve lá.
“Em um dado momento, Victor desceu para a platéia e se aproximou de uma das portas por onde entravam os detidos. Ali topou – cara a cara – com o comandante do campo de prisioneiros que o olhou fixamente e fez o gesto mimico de quem toca violão. Victor assentiu com a cabeça, sorrindo com tristeza e ingenuidade. O militar sorriu, contente com sua descoberta..
Levaram Victor até à mesa e ordenaram que pusesse suas mãos em cima dela. Rapidamente surgiu um facão. Com um só golpe cortaram seus dedos da mão esquerda e, com outro, os da mão direita. Os dedos cairam no chão de madeira, ainda se mexendo, enquanto o corpo de Victor se movia pesadamente.
Depois choveram sobre ele golpes, pontapés e os gritos: ‘canta agora… canta…’, a fúria desencadeada e os insultos soezes do verdugo ante um ‘alarido coletivo’ dos detidos.
De improviso, Victor se levantou trabalhosamente e, com o olhar perdido, dirigiu-se às galerias do estádio… fez-se um silêncio profundo. E então gritou:
- Vamos lá, companheiros, vamos fazer a vontade do senhor comandante.
Firmou-se por alguns instantes e depois, levantando suas mãos ensanguentadas, começou a cantar em voz ansiosa o hino da Unidade Popular (Coligação de partidos de esquerda que apoiavam o governo de Allende), a que todos fizeram coro.
Aquele espetáculo era demasiado para os militares. Soou uma rajada e o corpo de Victor começou a se dobrar para a frente, como se fizesse uma longa e lenta reverência a seus companheiros. Depois caiu de lado e ficou ali estendido.”
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