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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A história que inspirou a canção "Iris (Hold Me Close)"

A canção mais emocionalmente crua do novo álbum do U2,"Iris (Hold Me Close)" confronta Bono com a perda de sua mãe, que faleceu depois de desmaiar no funeral do seu avô.
"Iris" é a partir da perspectiva de um homem em seus cinquenta anos olhando para uma mãe que se foi há quatro décadas, e como a perda dela moldou sua vida.

Bono dá detalhes sobre o fato que originou a letra da canção:

"Em Setembro de 1974, realizou-se o 50° aniversário de casamento dos meus avós. Toda a família se reuniu e houve uma festa enorme. Alugaram um espaço num hotel, foi uma comemoração muito importante. O meu avô dançava, “abanava o capacete” ao som de Dicey Reilly e sentia-se o homem mais feliz da face da Terra com a mulher e toda a família à sua volta. A bebida começou a fluir, de tal forma que tiveram de deitá-lo e puseram um balde junto à cama, para o caso de ele não ter tempo de chegar ao banheiro. Já devem ter ouvido a expressão “esticar o pernil”. Pois bem, Alec Rankin teve um ataque cardíaco durante a noite e morreu. Lembro-me de ter acordado e de a minha mãe não estar por perto. Perguntei: “Onde é que ela está?” e disseram-me: “Aconteceu qualquer coisa ao seu avô.” Entretanto ela voltou para casa e disse: “O seu avô morreu.” Ele faleceu sem sofrimento, mas ela estava abalada. Estávamos todos um pouco abalados. Depois, foi-se embora. Como era a irmã mais velha, era ela que organizava tudo na família. Lembro-me dela junto ao túmulo, vendo o pai sendo sepultado. Até que se desmoronou. Vejo o meu pai a segurando. Todas as pessoas começaram a falar: “O que aconteceu?” “Ela desmaiou!” “Meu Deus, ela desmaiou! A sua mãe desmaiou!” Estavam todos em estado de choque. Entretanto, voltamos para a casa número 10. Não compreendíamos o que estava acontecendo. Acho que eles não queriam que as crianças percebessem. Lembro-me de meu tio se aproximar da porta e começar a chorar, como uma criança. Foi tão estranho. Eu sabia que tinha acontecido algo terrível.
Ela tinha sofrido uma hemorragia cerebral. Sobreviveu quatro dias, eu acho. Ocorreram situações muito marcantes nesses dias. Bastante marcantes. Eu li a Bíblia e rezei a Deus para não deixar a minha mãe morrer.
Eu, o Norman (meu irmão) e o meu pai fomos chamados para nos despedirmos dela. E depois desligaram o aparelho que a mantinha viva. É extraordinário. Eles têm uma escolha. Podem manter-nos vivos ou podem deixar-nos morrer. A decisão deve ter sido a de deixá-la morrer. Eles entraram, nós nos despedimos dela e depois desligaram a máquina. Lembro-me que o médico ficou bastante comovido. O padre, o mesmo Sydney Laing, era um homem bonito, elegante e muito atencioso com o meu pai, que não ia à nossa igreja. E foi assim. Eu sentia que a casa estava sobre mim. A minha mãe morreu e, de repente, ficaram apenas três homens vivendo debaixo do mesmo teto. Não passava disso, deixou de ser um lar. Era apenas uma casa, com três homens se matando lentamente, não sabendo como reagir àquele sentimento de perda e descarregando uns nos outros. A situação estava perto do auge.
Eu era apenas um rapaz normal, numa família agora pouco normal, que tinha perdido o interesse por tudo, exceto pelas garotas e pela música. O aproveitamento escolar foi pelo cano. Não tinha vontade de fazer nada. Não fazia idéia que se estava aproximando uma catástrofe. Eu tinha sonhos muito vivos, mesmo quando estava acordado. Achei que estava ficando maluco."
Comentários
1 Comentários

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa, pesado e marcante...

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