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domingo, 12 de abril de 2015

A visão dolorosa de Bono dos derradeiros momentos de seu pai, no novo livro 'Sons + Fathers'

'Sons + Fathers', publicado para o Dia dos Pais, foi inspirado pelos desenhos que Bono fez de seu próprio pai, quando este chegava ao fim de sua vida. Enquanto as palavras e imagens no novo livro são principalmente dos próprios pais, elas também são reveladoras sobre os autores, seus filhos.
Bono deu uma visão dolorosa dos derradeiros momentos de seu pai, neste livro lançado hoje. Ele disse que os dois freqüentemente entravam em desacordo, desde que sua mãe faleceu quando ele era apenas uma criança.
Bono revelou que as últimas palavras de seu pai foram: "Danem-se. Eu quero ir para casa, eu preciso ir para casa."
O vocalista do U2 diz: "Nós dançamos até sua morte, o antigo ritual do filho contra o pai. Suas últimas palavras foram absolutamente adequadas.
Eu estava deitado em um colchão no Beaumont Hospital ao lado da cama, após ter pego um vôo de volta para para casa depois de um show do U2 em Londres. Meu pai acordou no meio da noite, ansioso e sussurrando. Sua doença de Mal de Parkinson tinha levado parte do seu belo tenor.
Os sussurros estavam percussivos, animados. Chamei a enfermeira e nós dois nos inclinamos para tentar decifrar o que ele estava dizendo.
Através de uma voz rouca tensa, alto e claramente, ele disse: "Danem-se. Eu quero ir para casa, eu preciso ir para casa." E ele fez. Eu estou ansioso para vê-lo lá."
Refletindo sobre os últimos momentos de seu pai depois de uma batalha contra o câncer, Bono lhe credita como a fonte de sua criatividade.
"Meu pai passou suas últimas poucas semanas conservando energia para sua próxima aventura, em grande parte dela dormindo, onde a graça dos anjos, também conhecida como a equipe de enfermagem, fez o incompreensível (para qualquer um de nós) tão suportável como jamais poderia ser.
Eu tinha pego ele para desenhá-lo enquanto ele dormia, para tentar ficar acordado, mas também para meditar sobre quanto especial e talentoso aquele homem tinha sido, meu pai. Toda a minha criatividade vem dele.
Ele leu Shakespeare, ele pintou, ele cantou, dançou. E quando ele não estava discutindo com os homens, ele fez as mulheres rirem."
Bono também refletiu sobre como seu relacionamento com o pai tinha se tornado tenso depois que sua mãe Iris faleceu quando ele era adolescente.
"Quando ela se foi, levada por um coágulo de sangue que acabou sendo como um interruptor em sua cabeça, a Cedarwood Road 10 não era mais uma casa.
Era uma casa de três homens aflitos: meu irmão Norman (Nobby), eu e meu pai, que, aos nossos olhos de adolescentes aborrecidos, havia se tornado uma indesejada figura de autoridade – um sargento-mor, ordenando para mim e meu irmão as tarefas que minha mãe costumava executar.
Meu irmão fez bem. Eu não. Eu não tinha conhecimento que meus hormônios de adolescente iriam me transformar em um pequeno merda e me colocar contra aquele grande homem."
Robert ou Bob, como era carinhosamente conhecido, foi um católico devoto, enquanto Iris tinha criado seus dois filhos como protestantes.
Bono disse que a posição de pai na religião ensinou-lhe uma das lições mais importantes da sua vida.
"Manhãs de Natal sempre foi o assunto do ano. Religião. Eu não percebi então que ele me ensinava uma grande lição: questionar tudo. Enquanto ele não gostava de nós questionando sua autoridade, ele encorajou-nos a questionar cada outra autoridade.
Na década de 1960 ele era um católico que levava sua mulher protestante e seus dois filhos para uma pequena capela na Igreja da Irlanda em Finglas, todos os domingos. Então assistia uma missa na Igreja Católica, e em seguida, voltava para buscá-los.
Ele entendeu que Deus e a religião eram dois conceitos distintos, e que um poderia mantê-lo afastado do outro. Sábio é outra palavra para essa sua característica de visão do mundo."

Do site: Irish Mirror
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