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quarta-feira, 1 de março de 2017

30 Anos de 'The Joshua Tree': o disco mais vendido, as dificuldades da turnê e um novo nível de sucesso


Em março de 1987, "With Or Without You" começou a preencher as ondas de rádio e se tornou o primeiro single número 1 do U2. Mas a transição do grupo de arenas para estádios não se destinava a ser elegante. O show ao vivo do U2 de 1987 era um espetáculo sobre uma corda bamba, e algumas noites, eles caiam dela. "Foi emocionante e aterrorizante," diz Larry Mullen. "Para ser honesto, acho que você teve o maior impacto sobre o vocalista".
A inconsistência do U2 como uma banda ao vivo em algumas noites enojavam Bono, cujas tentativas de se conectar com o público muitas vezes tinham um ar de desespero. "Fomos lutadores de rua, em vez de boxeadores", reflete. "Ser potencializados pelo Espírito Santo é uma coisa. Ser potencializados pela fúria de sua própria raiva é outra, e em uma grande noite (risos) era a primeira coisa. Mas nós muitas vezes parecíamos estar longe da banda que queríamos ser. E as coisas não estavam ajudando. Quer dizer, eu precisava de algum tipo de conselho. Definitivamente. Porque as músicas estavam desbloqueando todos os tipos de coisas em mim."
"Então nós tocamos "Exit" [inspirada pelo assassinato de Gary Gilmore, como é refletido em The Executioner’s Song de Norma Mailer], e é uma canção muito obscura. É realmente dark e levaria a banda a uma escuridão comigo. Ocasionalmente, eu acabaria no meio do público, ou eu iria cair no palco, ou fazer algo estúpido e machucar a mim mesmo."
A lista de calamidades de Bono incluíram abrir o queixo com um holofote de mão em "Bullet The Blue Sky" no primeiro show em Tempe, e em seguida, em Washington, DC, escorregar num palco molhado e romper três ligamentos da clavícula esquerda, forçando-o a tocar com uma tipóia. Em retrospecto, a imprudência do cantor era uma forma de se auto destruir pelo poder?
"Sim, isso não é maravilhoso e não é psicologicamente saudável", disse Bono. "Eu me lembro de um dos shows que nós estávamos tocando em algum lugar e me tornei sombrio. Às vezes, se eu realmente quisesse me bater, eu só tinha que colocar minha cabeça no bumbo da bateria (risos). Eu enfrentaria o público, mas com o bumbo da bateria do Larry batendo dentro da minha cabeça. E era só chutar minha cabeça, cara."
É fácil esquecer os jovens que eram membros do U2 em 1987 - homens passando de seus 25 anos, de repente atirados para o fundo do poço. "Era como, uau, esta é uma curva de aprendizagem", recorda The Edge. "Faça isso em público, lá na frente de um estádio cheio de pessoas."
"Lembro-me apenas da miséria total que aquilo era", admite Clayton. "É triste dizer, mas naquela turnê, naquela época, quando deveríamos estar nos divertindo e gozando do sucesso, estávamos tentando descobrir uma maneira de interpretar as músicas nos estádios em dias em que não havia nenhum reforço de telões de vídeo. E foi muito difícil."
Todas as noites, como lembra Paul McGuinness, ele tinha um pós-show post-mortem onde ele e a banda avaliavam a performance. Muitas vezes, os ânimos eram exaltados quando se tratavam das perigosas brincadeiras de Bono: "havia uma discussão e ele prometia que não voltaria a fazer aquilo. Mas essas promessas nem sempre eram mantidas."
Noite após noite, o U2 começou a amarrar sua atuação, para brilhar mais intensamente. A demanda crescia também, e em uma parte no verão europeu, eles esgotaram dois shows no Estádio de Wembley. Enquanto isso, 'The Joshua Tree' tornou-se o disco mais vendido na história das paradas do Reino Unido. Em seu retorno à América, onde disco tinha monopolizado o primeiro lugar durante nove semanas, o U2 marcou seu segundo single número 1 nos Estados Unidos com "I Still Haven't Found What I'm Looking For".
Um momento para uma reflexão feliz, talvez, mas não - a fúria de Bono retornou na McNicols Sports Arena em Denver, em 8 de novembro de 1987, quando chegou a notícia de um bombardeio horrível no Remembrance Day em Enniskillen, onde 11 pessoas, muitos deles aposentados, foram mortos pelo IRA, com 63 outros feridos.
Longe de casa, no palco, em um discurso irritado, Bono disse: "Foda-se à revolução! O que é a glória de bombardear um desfile de pensionistas idosos no Remembrance Day? Deixá-los morrer, ou inválidos pelo resto da vida, ou mortos sob uma pilha de escombros de uma revolução que a maioria das pessoas no meu país não quer."
Era o U2 na época contra o IRA: "Nós lhe custamos dinheiro nos Estados Unidos", disse Bono agora, "porque nós estávamos fazendo campanha contra NORAID, o braço de financiamento do IRA. Falando nisso, em certos bairros [em nossa volta para casa], nós não fomos muito bem-vindos."
O grupo temia represálias? "Isso realmente nunca passou em nossas mentes", diz The Edge. "Nós apenas nos sentimos obrigados."
"Você sabe", suspira Adam Clayton, "quando se é confrontado com uma organização terrorista ou, na verdade, a uma cultura que se acostumou com a lei dos pistoleiros, você não está lidando com pessoas racionais. Mas isso não é uma razão para não falar sobre isso."
No meio deste turbilhão, com 'The Joshua Tree' no topo das paradas de álbuns em 20 países, o U2 entrou no clima de seu novo nível de sucesso. Bem, mais ou menos. "Olhando para trás", diz The Edge, "eu posso ver que havia muitas coisas acontecendo em que começávamos a mostrar sinais de estresse de tudo isso e o impacto sobre nós como indivíduos."
"A maneira de se encaixar no mundo e avaliar as coisas é ficar longe", diz Adam Clayton. "Infelizmente, a minha resposta para isso foi que você se torna um pouco idiota (risos). E então possivelmente você se acalma."

Revista MOJO - Edição N° 281

Do site: U2 News (noticierou2.blogspot.com)
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